domingo, julho 31, 2005
não sei se isto é amor # 15
[estás junto a mim numa prateleira]
escorre água entre as nossas cabeças de oxácido
repara na trepadeira..........na hera
olha como se enrola na tua língua
esperanto e anjo de aberta madrepérola
..........que nojo
ainda se em ti o corpo fosse absoluto
ainda que
ainda que
se
um corpo fosse absoluto mas
a tua língua penetrando a hera
..........que nojo
volto muitas vezes ao lugar onde caíste exausta
sobre o meu peito
suando..........a última vez que caíste
sobre o meu peito
exausta...........suando
volto a esse dia e em mim estremece um ácido / como
esta água que agora escorre entre as nossas cabeças
[numa prateleira]
..........que nojo ver-te assim outra vez
exausta sobre um peito
caída..........lambendo..........suando
...........que desejo
escorre água entre as nossas cabeças de oxácido
repara na trepadeira..........na hera
olha como se enrola na tua língua
esperanto e anjo de aberta madrepérola
..........que nojo
ainda se em ti o corpo fosse absoluto
ainda que
ainda que
se
um corpo fosse absoluto mas
a tua língua penetrando a hera
..........que nojo
volto muitas vezes ao lugar onde caíste exausta
sobre o meu peito
suando..........a última vez que caíste
sobre o meu peito
exausta...........suando
volto a esse dia e em mim estremece um ácido / como
esta água que agora escorre entre as nossas cabeças
[numa prateleira]
..........que nojo ver-te assim outra vez
exausta sobre um peito
caída..........lambendo..........suando
...........que desejo
sábado, julho 30, 2005
«caixa negra» - o livro
Acaba de ser lançado o livro «caixa negra» de Frederico Mira George, Edição «do impensável» - Amores Perfeitos - Quasi - Magnólia
Se estiver interessado em o adquirir em venda directa,
por favor contacte-nos para o nosso e-mail:( saudades.antero@gmail.com )
sexta-feira, julho 29, 2005
não sei se isto é amor # 14
em memória de António Silva Lopes
«Um segredo vale o que valem aqueles de quem temos de guradá-lo.»
Carlos Ruiz Zafón
chamava-se antónio e sa
bia um segredo
um segredo verdadeiro......um verdadeiro segredo
encontrei-
-o no acaso de um corredor onde íamos
fumar / laboriosamente
e
l
e
antóni
o que sabia um verdadeiro segredo
tentou escrever num livro
[cem páginas, tinham que ser cem páginas – dizia o editor]
o seu segredo verdadeiro
iam-se passando as semanas e ele
antónio
sentia-se enlouquecido por saber
aquele
verdadeiro segredo
ele ia revelar em cem páginas
o verdadeiro de um segredo
iam-se passando as semanas
e ele
antónio anunciava que o ameaçavam
que o iam matar que o perseguiam
(outros que como ele sabiam
daquele
segredo verdadeiro)
?mas quem acredita no anúncio de morte
de um homem enlouquecido por um segredo?
ontem o antónio apareceu morto
nu
à frente do seu computador
morte natural – !claro!
antónio morreu de um verdadeiro segredo
«Um segredo vale o que valem aqueles de quem temos de guradá-lo.»
Carlos Ruiz Zafón
chamava-se antónio e sa
bia um segredo
um segredo verdadeiro......um verdadeiro segredo
encontrei-
-o no acaso de um corredor onde íamos
fumar / laboriosamente
e
l
e
antóni
o que sabia um verdadeiro segredo
tentou escrever num livro
[cem páginas, tinham que ser cem páginas – dizia o editor]
o seu segredo verdadeiro
iam-se passando as semanas e ele
antónio
sentia-se enlouquecido por saber
aquele
verdadeiro segredo
ele ia revelar em cem páginas
o verdadeiro de um segredo
iam-se passando as semanas
e ele
antónio anunciava que o ameaçavam
que o iam matar que o perseguiam
(outros que como ele sabiam
daquele
segredo verdadeiro)
?mas quem acredita no anúncio de morte
de um homem enlouquecido por um segredo?
ontem o antónio apareceu morto
nu
à frente do seu computador
morte natural – !claro!
antónio morreu de um verdadeiro segredo
não sei se isto é amor # 13
«equerma»
para a actriz bibi perestrelo
espectáculo com base nos textos de federico garcia lorca (yerma) e albert camus (equívoco), encenado por luís castro, teatro nacional de dona maria a segunda – dia vinte e seis de julho do ano da graça de nosso senhor jesus o cristo de dois mil e cinco (era vulgar)
recebo-te..........consagro-te..........abro-te
mamã
mamã
mamã
volta para dentro do poço..........e abre-me
mamã
..........vem deitar-te comigo no corpo
peço-te mamã..........acorda-me
..........com um olor a morangos e a água do primeiro lago
embarca-me..........penetra-me
mamã
ã
ã
ã
..........tudo o que te peço
...............................mamã
é que acordes –
morre mamã
.........no poço te darei flores desenhadas por lorca
?posso dar-te flores de lorca num poço / mamã?
vem deitar-te no colosso marítimo das lajes
africanas de camus
vem adormecer a menina.....rasgar-me.....colorir-me
vem obrigar-me
mamã
vem obrigar-me
para a actriz bibi perestrelo
espectáculo com base nos textos de federico garcia lorca (yerma) e albert camus (equívoco), encenado por luís castro, teatro nacional de dona maria a segunda – dia vinte e seis de julho do ano da graça de nosso senhor jesus o cristo de dois mil e cinco (era vulgar)
recebo-te..........consagro-te..........abro-te
mamã
mamã
mamã
volta para dentro do poço..........e abre-me
mamã
..........vem deitar-te comigo no corpo
peço-te mamã..........acorda-me
..........com um olor a morangos e a água do primeiro lago
embarca-me..........penetra-me
mamã
ã
ã
ã
..........tudo o que te peço
...............................mamã
é que acordes –
morre mamã
.........no poço te darei flores desenhadas por lorca
?posso dar-te flores de lorca num poço / mamã?
vem deitar-te no colosso marítimo das lajes
africanas de camus
vem adormecer a menina.....rasgar-me.....colorir-me
vem obrigar-me
mamã
vem obrigar-me
quinta-feira, julho 28, 2005
será isto...
segunda-feira, julho 25, 2005
não sei se isto é amor # 12
?leram hans..........o poema?
o livro
.......esse
o livro de hesse
«Era assim mesmo que deviam ser as férias de Verão.
Acima dos montes via-se um céu azul da cor da genciana.»
hesse
ésse
hans
......?leram hans...........hesse?
o poema o livro os caracteres
era as
sim mesmo q
eu
deviam s
er a
s férias de..........verão
.....................acima
dos montes
........via-
-se um
........céu azul d
........a cor da genciana
o livro
.......esse
o livro de hesse
«Era assim mesmo que deviam ser as férias de Verão.
Acima dos montes via-se um céu azul da cor da genciana.»
hesse
ésse
hans
......?leram hans...........hesse?
o poema o livro os caracteres
era as
sim mesmo q
eu
deviam s
er a
s férias de..........verão
.....................acima
dos montes
........via-
-se um
........céu azul d
........a cor da genciana
quinta-feira, julho 21, 2005
não sei se isto é amor # 11
se me esforçasse para te ouvir nem tentaria
as rochas abrem-se em tais prantos...
se um cão se abrisse em cristais
........uma praia
........como dantes
se
se
se
eu ainda vivente sem estes lábios lacerados
........um cabelo
........uma abelha
se
se
se
rochas abertas em cristais de cão e tu lendo-me
não te procuro com desgosto
não não penses assim (escrevo isto com ar de conselho)
eu não te procuro!
há ovelhas neste papel
e eu já fui pastor boca-a-boca
num bocejo infantil [sinal de saúde]
e caio meio desmaiado – prefiro
completamente desmaiado
sobre o tapete persa daquele templo fantasma
onde
por azar
dormimos um no outro pela primeira
.........e
..............única
........................vez
as rochas abrem-se em tais prantos...
se um cão se abrisse em cristais
........uma praia
........como dantes
se
se
se
eu ainda vivente sem estes lábios lacerados
........um cabelo
........uma abelha
se
se
se
rochas abertas em cristais de cão e tu lendo-me
não te procuro com desgosto
não não penses assim (escrevo isto com ar de conselho)
eu não te procuro!
há ovelhas neste papel
e eu já fui pastor boca-a-boca
num bocejo infantil [sinal de saúde]
e caio meio desmaiado – prefiro
completamente desmaiado
sobre o tapete persa daquele templo fantasma
onde
por azar
dormimos um no outro pela primeira
.........e
..............única
........................vez
segunda-feira, julho 18, 2005
não sei se isto é amor # 10
abro uma porta como se acendesse
a
........fornalha do cachimbo
o ar entra pela janela..........o espelho
como se abrisse
uma
........lata de atum............tenho que viver como
a
s
outras pessoas?
?
até que a morte chegue num janeiro
que cheire a girassóis e a baunilha
abro a fornalha do cachimbo como se
fosse uma porta
com sabor a pele e a fumo........o espelho
eu tenho a doença da morte
e cheiro a fumo como uma porta a abrir-se
na fornalha de um cachimbo
a
........fornalha do cachimbo
o ar entra pela janela..........o espelho
como se abrisse
uma
........lata de atum............tenho que viver como
a
s
outras pessoas?
?
até que a morte chegue num janeiro
que cheire a girassóis e a baunilha
abro a fornalha do cachimbo como se
fosse uma porta
com sabor a pele e a fumo........o espelho
eu tenho a doença da morte
e cheiro a fumo como uma porta a abrir-se
na fornalha de um cachimbo
A «simpática ferramenta» de um herói da União Soviética
Reproduzimos os últimos parágrafos:
«Trotsky foi assassinado a 21 de Julho de 1940. O seu assassino, Ramon Mercader, um agente soviético, insinuou-se junto da família Trotsky e começou a frequentar a casa com assididuidade.Com o pretexto de pedir ajuda a Trotsky num artigo que estava a escrever, conseguiu desferir-lhe um golpe mortal na nuca [com um picador de gelo]. O método era popular entre os agentes de Estaline, por ser especialmente eficaz e silencioso. Mas neste caso o golpe não foi certeiro: Treotsky caiu ao chão lançando um grito que, Mercader afirmou mais tarde, o perseguiu para sempre.
Ironicamente, foi Trotsky quem salvou a vida ao seu assassino. Quando os seus guardas correram à sala, atraídos pelo barulho e se lançaram sobre Mercader, Trotsky gritou: «Não o matem! Este homem tem uma história para contar.» Mercader foi libertado em 1960 e condecorado em Moscovo como herói da União Soviética.»
in Jornal «O Público», 16 de Julho de 2005
terça-feira, julho 12, 2005
Novo E-mail
Saudades de Antero tem um novo e-mail:
saudades.antero@gmail.com
saudades.antero@gmail.com
não sei se isto é amor # 9
informo-te da minha queda
das asas e do canto
as mãos talvez
........procuro-te num poço
abro as pálpebras e adormeço
meu coração tão espesso
numa bala
........calo
este tambor de despedida ressoando no meu berço
amanhã acordo
hei-de acordar........traspasso
meus rins em pedaços
tanto voo num só quadrado
e vou levantar-me escrevendo
com esse pequeno pássaro
que morremos
os dias são baços e repasso de sal
e algum – só algum – pouco – cansaço......meu quadrado
meu pequeno quadrado em que me despeço
urinado e suado
aversão de mim próprio num barco
procuro sabão na tua mala
........tu és tão imensamente
e nada
nenhum asseio que me esconda no tempo vai-se a
memória da laje e o encarnado da língua
do fundo da minha queda
em asas e mãos talvez
te agradeço o espaço
das asas e do canto
as mãos talvez
........procuro-te num poço
abro as pálpebras e adormeço
meu coração tão espesso
numa bala
........calo
este tambor de despedida ressoando no meu berço
amanhã acordo
hei-de acordar........traspasso
meus rins em pedaços
tanto voo num só quadrado
e vou levantar-me escrevendo
com esse pequeno pássaro
que morremos
os dias são baços e repasso de sal
e algum – só algum – pouco – cansaço......meu quadrado
meu pequeno quadrado em que me despeço
urinado e suado
aversão de mim próprio num barco
procuro sabão na tua mala
........tu és tão imensamente
e nada
nenhum asseio que me esconda no tempo vai-se a
memória da laje e o encarnado da língua
do fundo da minha queda
em asas e mãos talvez
te agradeço o espaço
sexta-feira, julho 08, 2005
não sei se isto é amor # 8
quando hoje olho para aquela cova com
quatrocentos metros de comprido por cem de largo
só agora
quando hoje olho para aquela cova rectangular
tenho noção da singularidade geométrica da morte
........vejo as galinhas a circularem em fila equilibrando-se
................nos
.........................cortantes
........extremos do rectângulo e a precisão circense com
........que o fazem espanta-me enoja-me
este ano não choveu a cova está seca dura e preta
o anos passado as chuvas tinham enchido o buraco fazendo uma espécie
de
tanque com girinos e rãs-salva-vidas-a-saltar-para-fora
tinha crescido relva e não havia galinhas
de vez em quando via-se um braço ou uma perna vindo à tona
isso é claro fazia impressão
mas nada me provoca mais terror que a marcha organizada das galinhas
naquele cortejo de cristas cardinalícias
rezando
rezando
quatrocentos metros de comprido por cem de largo
só agora
quando hoje olho para aquela cova rectangular
tenho noção da singularidade geométrica da morte
........vejo as galinhas a circularem em fila equilibrando-se
................nos
.........................cortantes
........extremos do rectângulo e a precisão circense com
........que o fazem espanta-me enoja-me
este ano não choveu a cova está seca dura e preta
o anos passado as chuvas tinham enchido o buraco fazendo uma espécie
de
tanque com girinos e rãs-salva-vidas-a-saltar-para-fora
tinha crescido relva e não havia galinhas
de vez em quando via-se um braço ou uma perna vindo à tona
isso é claro fazia impressão
mas nada me provoca mais terror que a marcha organizada das galinhas
naquele cortejo de cristas cardinalícias
rezando
rezando
quarta-feira, julho 06, 2005
não sei se isto é amor # 7
naquele tempo as flores tinham cheiro a flores
e o mar parecia afundar-se na terra quando eu te amava
o ar transbordava de minerais em combustão de luzes
........não quero repetir esta expressão tão lúcida:
........naquele tempo
mas tu és só morte para mim
és uma esmagadora lápide sobre mim
........eu tento fugir
........rebentar-te – colher flores sem cheiro
afogar-me num campo de olhos – cegar-te
juro que te quero sem vida
sem sexo
sem água
........tenho uma corrente a absorver-me o coração
........esta estúpida esperança – uma despedida que não termina
quero-te sem vida meu amor
quero extenuar-te
........enterrar-te com todo o carinho dos meus lábios
quero alimentar as tuas crias órfãs
espetar-te-ia com o prazer de um vinho bom
naquele tempo as flores tinham cheiro a flores
e o mar era enorme e nós ainda maiores – éramos barcos
petroleiros abraçados num lago
........não quero repetir esta palavra de eternidade: amor
não quero mais histórias para contar – não te quero
às vezes deixo que me abraces
deixo que penses que te quero viva
mas o meu corpo mente quando me afagas
é sem vida que te hei-de amarrar a uma pedra e lançar borda-
-fora da minha garganta
morre por favor
é a última coisa que te peço
e o mar parecia afundar-se na terra quando eu te amava
o ar transbordava de minerais em combustão de luzes
........não quero repetir esta expressão tão lúcida:
........naquele tempo
mas tu és só morte para mim
és uma esmagadora lápide sobre mim
........eu tento fugir
........rebentar-te – colher flores sem cheiro
afogar-me num campo de olhos – cegar-te
juro que te quero sem vida
sem sexo
sem água
........tenho uma corrente a absorver-me o coração
........esta estúpida esperança – uma despedida que não termina
quero-te sem vida meu amor
quero extenuar-te
........enterrar-te com todo o carinho dos meus lábios
quero alimentar as tuas crias órfãs
espetar-te-ia com o prazer de um vinho bom
naquele tempo as flores tinham cheiro a flores
e o mar era enorme e nós ainda maiores – éramos barcos
petroleiros abraçados num lago
........não quero repetir esta palavra de eternidade: amor
não quero mais histórias para contar – não te quero
às vezes deixo que me abraces
deixo que penses que te quero viva
mas o meu corpo mente quando me afagas
é sem vida que te hei-de amarrar a uma pedra e lançar borda-
-fora da minha garganta
morre por favor
é a última coisa que te peço
sábado, julho 02, 2005
Aos Leitores do «Saudades de Antero»
Caros Amigos,
Até ao fim de Julho, este Blog será actualizado com menos regularidade do que é habitual.
Um abraço
FMG
Até ao fim de Julho, este Blog será actualizado com menos regularidade do que é habitual.
Um abraço
FMG
sexta-feira, julho 01, 2005
não sei se isto é amor # 6
se um grande martelo nos vai
em cheio à testa – ou um mar se abre
numa avalanche de pesticida enquanto nadamos –
se nos cai uma torradeira
...........[como nos filmes]
dentro da banheira em pleno banho de imersão
é tudo muito fácil..........é dar a explicação
foi uma desgraça com explicação
e as desgraças com explicação são boas – fazem-nos felizes
somos maravilhosamente
desgraçados
..........é o verdadeiro consolo
de resto
..........podemos ter dinheiro e amores e flores plantadas
..........com viço em vasos de prata – lareiras &
estantes com livros –
pasta de dentes com protecção contra
o tártaro – camisas de dormir em renda de seda chinesa mas
se não temos uma explicação para a desgraça
não somos mais que uns excelentíssimos senhores míseros desgraçados
um desgraçado com explicação para a desgraça
é um maravilhoso desgraçado
isto faz toda a diferença – esta é a diferença da condição
humanóide da nossa performance celular
eu tenho flores com viço plantadas em vasos
de prata mas não tenho explicação para a desgraça
assim aqui estou
..........trinta e tal anos excelentíssimo senhor mísero desgraçado
à procura
em cheio à testa – ou um mar se abre
numa avalanche de pesticida enquanto nadamos –
se nos cai uma torradeira
...........[como nos filmes]
dentro da banheira em pleno banho de imersão
é tudo muito fácil..........é dar a explicação
foi uma desgraça com explicação
e as desgraças com explicação são boas – fazem-nos felizes
somos maravilhosamente
desgraçados
..........é o verdadeiro consolo
de resto
..........podemos ter dinheiro e amores e flores plantadas
..........com viço em vasos de prata – lareiras &
estantes com livros –
pasta de dentes com protecção contra
o tártaro – camisas de dormir em renda de seda chinesa mas
se não temos uma explicação para a desgraça
não somos mais que uns excelentíssimos senhores míseros desgraçados
um desgraçado com explicação para a desgraça
é um maravilhoso desgraçado
isto faz toda a diferença – esta é a diferença da condição
humanóide da nossa performance celular
eu tenho flores com viço plantadas em vasos
de prata mas não tenho explicação para a desgraça
assim aqui estou
..........trinta e tal anos excelentíssimo senhor mísero desgraçado
à procura