quinta-feira, outubro 19, 2006
raiz pé de diabo
# 19
as mães nascem como raízes
do ventre aquoso das araucárias
e nas mãos trazem o desejo apócrifo
..........maldoso
..........e premeditado
de terem filhos
e os filhos nascem e abafam na redoma dos pensamentos maternais
perdidos na copa dessas mais altas
e antigas
árvores
e assim desponta nos filhos o amor férreo e aflito
de romper – o dever de gritar e
abandonar a árvore
.........cair desterrado – enterrado e só
....................num solo de espinhos
desejo de não ter olhos
nem sentidos
de não voltar – mas as mães são um lago invernoso
lodoso
as mães são o solo de espinhos
placenta e tronco – folhas bestiais
o leite e o solstício do poema
os filhos abafam na redoma dos pensamentos maternais
perdidos na água intrínseca dessas mais cruéis
e antigas
árvores
e sem o amor férreo e desesperado de não poder não nascer
crescem crucificados
...........apedrejados pelo húmus filial – o tronco onde
acabarão por se dissipar num ciclo de renascimentos
quinta-feira, 19 de outubro de 2006
as mães nascem como raízes
do ventre aquoso das araucárias
e nas mãos trazem o desejo apócrifo
..........maldoso
..........e premeditado
de terem filhos
e os filhos nascem e abafam na redoma dos pensamentos maternais
perdidos na copa dessas mais altas
e antigas
árvores
e assim desponta nos filhos o amor férreo e aflito
de romper – o dever de gritar e
abandonar a árvore
.........cair desterrado – enterrado e só
....................num solo de espinhos
desejo de não ter olhos
nem sentidos
de não voltar – mas as mães são um lago invernoso
lodoso
as mães são o solo de espinhos
placenta e tronco – folhas bestiais
o leite e o solstício do poema
os filhos abafam na redoma dos pensamentos maternais
perdidos na água intrínseca dessas mais cruéis
e antigas
árvores
e sem o amor férreo e desesperado de não poder não nascer
crescem crucificados
...........apedrejados pelo húmus filial – o tronco onde
acabarão por se dissipar num ciclo de renascimentos
quinta-feira, 19 de outubro de 2006
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