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quinta-feira, setembro 07, 2006

primeiros poemas # 34 

# 34

levaram-me à beira-rio
vi o tejo e os pescadores
...........a outra margem e as pessoas
....................................poucas
que passavam em mínimos barcos
sorrindo vagamente àqueles que como eu
...........incapazes de movimento
olhavavam o azul-prateado da água transbordante de maré cheia

não senti pasmo em nada
nenhuma novidade no céu
ou na terra imaginada sob o rio

não quis sair do carro
e no carro senti-me menos lúcido
menos ligado às coisas
........fumando cigarros
........e nuvens de ozono
nada em mim estremeceu

peguei então no terço
e fui percorrendo as contas com a ponta dos dedos
imobilizado
quase cego
com o coração complicando-se num anúncio de morte súbita

entre os meus olhos e o rio
construí toda uma catedral de pequenas dores
pedras cúbicas alinhadas sem pensamentos
..........acção
................ou sequer a consciência de serem pedras
......................e cúbicas
.............................e bases de imaginada catedral

fui percorrendo as contas com a ponta dos dedos
como quem ouve
...........no longe areal de um deserto
a chamada para as orações no cume da almádena

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