quarta-feira, julho 12, 2006
primeiros poemas # 4
# 4
o calor paralisa-me mas o calor só me paralisa
porque penso que o calor me paralisa
e eu penso que o calor me paralisa e paraliso
suando e sofrendo do mal inevitável que é sofrer
tenho uma ventoinha a brincar-me nas orelhas
e uma pedra a pesar-me no peito
e outra nos pés
foi-se a noite ainda a lua não subiu ao seu pleno
o dia não chegou a existir porque o passei a dormir
a noite não existirá porque a passarei a dormir
a vida será breve porque a passarei a dormir
e tudo isto sem nunca ter sabido adormecer
sem nunca ter sonhado
tendo sempre estado na vigília cansada das memórias estúpidas
na uma ilusão confusa a que chamei amor
bebo água
chá
olho para o relógio e no relógio para os ponteiros e finjo
acreditar na verdade da sua rotação como um pensamento
igual por dentro a um olhar para fora
todo eu sou igual a qualquer dor
só que com menos perfeição
o calor paralisa-me mas o calor só me paralisa
porque penso que o calor me paralisa
e eu penso que o calor me paralisa e paraliso
suando e sofrendo do mal inevitável que é sofrer
tenho uma ventoinha a brincar-me nas orelhas
e uma pedra a pesar-me no peito
e outra nos pés
foi-se a noite ainda a lua não subiu ao seu pleno
o dia não chegou a existir porque o passei a dormir
a noite não existirá porque a passarei a dormir
a vida será breve porque a passarei a dormir
e tudo isto sem nunca ter sabido adormecer
sem nunca ter sonhado
tendo sempre estado na vigília cansada das memórias estúpidas
na uma ilusão confusa a que chamei amor
bebo água
chá
olho para o relógio e no relógio para os ponteiros e finjo
acreditar na verdade da sua rotação como um pensamento
igual por dentro a um olhar para fora
todo eu sou igual a qualquer dor
só que com menos perfeição