segunda-feira, julho 03, 2006
primeiros poemas # 2
# 2
olho pela janela deste quarto
vejo as folhas das tílias
e penso que realmente estou neste quarto
vendo as folhas das tílias
isto se as folhas das tílias existem
se eu existo
se o quarto existe
um poema não é nada
nem um quarto
nem umas folhas de tília
nem um cigarro que se consome numa existência invertida
ou o olho com que vejo e que me vê…
… nada
? as tílias são os pensamentos que me iludem
...........como um beijo que se deu
...........mas julgamos que não demos
...........porque a memória mistura tudo
...........e tudo é um ranger de dentes delicados
...........à beira da boca
tudo
os budistas proclamam a vacuidade última das coisas
............não percebo
? porque temos nós de compreender a vacuidade última das coisas
se há a vacuidade última das coisas
havendo a vacuidade última das coisas
habitaríamos nela a toda a hora e ela seria evidente
? como pode a vacuidade última das coisas ser algo de tão imbecil
que se esconde atrás da ilusão fingindo
que não existe a vacuidade última das coisas
só para que tenhamos de compreender a vacuidade última das coisas
olho pela janela deste quarto
constato que este quarto existe porque
vejo as tílias à beira das persianas
vejo-me a mim
sinto o ardor do cigarro a queimar-me o indicador esquerdo
e penso que em mim existe a visão de tudo
só pelo facto de neste quarto olhar pela janela
ver tílias e as poder cheirar
olho pela janela deste quarto
vejo as folhas das tílias
e penso que realmente estou neste quarto
vendo as folhas das tílias
isto se as folhas das tílias existem
se eu existo
se o quarto existe
um poema não é nada
nem um quarto
nem umas folhas de tília
nem um cigarro que se consome numa existência invertida
ou o olho com que vejo e que me vê…
… nada
? as tílias são os pensamentos que me iludem
...........como um beijo que se deu
...........mas julgamos que não demos
...........porque a memória mistura tudo
...........e tudo é um ranger de dentes delicados
...........à beira da boca
tudo
os budistas proclamam a vacuidade última das coisas
............não percebo
? porque temos nós de compreender a vacuidade última das coisas
se há a vacuidade última das coisas
havendo a vacuidade última das coisas
habitaríamos nela a toda a hora e ela seria evidente
? como pode a vacuidade última das coisas ser algo de tão imbecil
que se esconde atrás da ilusão fingindo
que não existe a vacuidade última das coisas
só para que tenhamos de compreender a vacuidade última das coisas
olho pela janela deste quarto
constato que este quarto existe porque
vejo as tílias à beira das persianas
vejo-me a mim
sinto o ardor do cigarro a queimar-me o indicador esquerdo
e penso que em mim existe a visão de tudo
só pelo facto de neste quarto olhar pela janela
ver tílias e as poder cheirar