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terça-feira, junho 20, 2006

II - novos evangelhos - cartas de amor # 19 

# 19 – 19 de junho de 6006 – tchernobyl

fim

? que outra palavra pode trazer a um coração a fechar-se
uma intimidade tão brutal e bela e tão próxima da morte
como esta sílaba terminal

já não receberás esta carta
há cartas que se escrevem porque têm de se escrever
mas que nunca serão recebidas
nem enviadas porque as palavras que se inscrevem nelas
não são palavras
nem estrelas
nem réstias de amor
nem a flor-de-lis que representa tudo o que há de celeste no mundo

fim

? que outro nome pode ser mais precioso
que o nome que segue este ritual de enterro
maternal e religioso todo ele folhas de acácia
de um ouro triste e deitado a uma fogueira de espinhos
e garfos reluzindo por dentro do amor

já não receberás esta carta
há cartas que se escrevem porque o poema se impõe
pelas veias como o sangue se impõe pelas veias
mas o sangue que se impõe pelas veias
como o poema se impõe pelas palavras da carta
não pode seguir até ao coração que morto
renasce proscrito em qualquer parte

resta
,pois
– arimateia –
:fim
e rosas

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