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segunda-feira, junho 12, 2006

II - novos evangelhos - cartas de amor # 11 

# 11 – 12 de junho de 6006 – tchernobyl

a tristeza que sinto em mim
saúda todas as criaturas – as lá-
-grimas e o suor nítido do adormecer
são dedicatórias à paz
fluida das imagens nascidas
para a novidade dos espantos

tenho mais sentidos despertos que
todos os seres do universo
e não uso um único desses
sentidos porque se os usasse teria que pensar
nas razões porque existo
e no amor que me foi vedado
mas que sinto como se pusesse esconder
pétalas de uma flor morta entre as páginas
de uma pesada bíblia

a tristeza que sinto em mim
é a tristeza que um muro sente nele
e um muro também ama
e sente as trepadeiras a florir
talvez até pense que deus existe
quando há trovoada

quando adoecer e a minha morte for um
quadro de vermmer e puder voltar a ser menina
ao sol
de olhos fechados de calor
estarei pronta para não pensar na tristeza
de me teres deixado de amar amando-me tanto

quando morrer não deixarei
testamentos nem palavras codificadas
em evangelhos longos
com símbolos azuis e vermelhos

não tenho nenhum sentimento nos meus sentimentos

o amor não é um sentimento
por isso nunca se desocultou aos homens

a minha única riqueza é ser cega
eu
cega
e saber
que nada
– jamais – me resgatará

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