sábado, maio 06, 2006
novos evangelhos - cartas de amor # 17
# 17 – 5 de maio de 6006 – hiroshima
à minha porta..........,na estrada
entre o mar e a escarpa celeste da minha habitação
,passou a procissão de um funeral
traziam o féretro amortalhado em cores
de açafrão e carmim – pararam para o acender
embebido que estava em azeite e assim
o fogo se ergueu
glorioso
majestático
terreno
com a pira a arder o sacerdote mandou marchar
lançando as gentes flores à fogueira
os vivos sorriam de bondade e compaixão
os cães abeiravam-se da pira e baixavam a cabeça
os monges tocavam grandes sinos
tão alto.....,tão som
que o próprio fogo era som de sino ardendo
alguém vestido de negro e branco
xintoísta silencioso com um vaso de terra
aspergiu a fogueira com uma mão
de raízes de amendoeira – purificado pelo ar
,pelo fogo..........,purificado seria pelas águas
toda a procissão entrou no mar deixando
o corpo ardente navegar numa espécie
de jangada maré a dentro
faltava a purificação do éter
:o sumo-sacerdote nadou revestido
com os seus paramentos dourados até
à fogueira e junto a ela invocou
a deusa mãe do mundo com uma voz grave
e aguda – do fogo
da terra
do sopro
levantou-se no espaço um vulto violeta
sorrindo aos céus nu e sem cabelo
nem o movimento se notava nos rostos
da multidão – respondendo ao chamamento
do sumo-sacerdote desceram do alto
os braços maternais da nossa senhora Maria
tara mãe de todos os seres e de todas os planetas
e estrelas nascidas
,mortas
e por fecundar
........abraçou-o
........levou-o
........reanimou o seu olhar
........sob um céu laranja
........e um sol quase negro
e à minha porta
só à minha porta choveu
eu e a minha escarpa feitos oásis de chuva
ainda dentro de água o sumo-sacerdote
olhou-me sem que ninguém visse
submerso até ao queixo
disse-me sem que os lábios de abrissem
«vai jesus
não esperes mais
não será a rocha dessa escarpa que te esconderá
do mundo
tens dívidas de amor contraídas com
todos os homens – foste tu quem
livremente se endividou – enquanto não
as saldares haverá sempre nuvens e chuva
sobre ti»
o sumo-sacerdote regressou à praia
a procissão regressou ao templo
e eu
,eu
,eu aqui estou a escrever-te
joão.........,se ainda és águia
se ainda me amas
ou não me amando é teu religioso desejo
cumprir a revelação de que foste transmissor
peço-te
:vem buscar-me – vem a hiroshima
leva-me deste lugar onde o sol nasce
e deixa-me uma outra vez
só
no extremo onde o sol de põe
ajuda-me a voltar ao ocidente
ajuda-me a escapar à eternidade
leva-me nas tuas garras para o deserto
onde fomos tão infelizes
à minha porta..........,na estrada
entre o mar e a escarpa celeste da minha habitação
,passou a procissão de um funeral
traziam o féretro amortalhado em cores
de açafrão e carmim – pararam para o acender
embebido que estava em azeite e assim
o fogo se ergueu
glorioso
majestático
terreno
com a pira a arder o sacerdote mandou marchar
lançando as gentes flores à fogueira
os vivos sorriam de bondade e compaixão
os cães abeiravam-se da pira e baixavam a cabeça
os monges tocavam grandes sinos
tão alto.....,tão som
que o próprio fogo era som de sino ardendo
alguém vestido de negro e branco
xintoísta silencioso com um vaso de terra
aspergiu a fogueira com uma mão
de raízes de amendoeira – purificado pelo ar
,pelo fogo..........,purificado seria pelas águas
toda a procissão entrou no mar deixando
o corpo ardente navegar numa espécie
de jangada maré a dentro
faltava a purificação do éter
:o sumo-sacerdote nadou revestido
com os seus paramentos dourados até
à fogueira e junto a ela invocou
a deusa mãe do mundo com uma voz grave
e aguda – do fogo
da terra
do sopro
levantou-se no espaço um vulto violeta
sorrindo aos céus nu e sem cabelo
nem o movimento se notava nos rostos
da multidão – respondendo ao chamamento
do sumo-sacerdote desceram do alto
os braços maternais da nossa senhora Maria
tara mãe de todos os seres e de todas os planetas
e estrelas nascidas
,mortas
e por fecundar
........abraçou-o
........levou-o
........reanimou o seu olhar
........sob um céu laranja
........e um sol quase negro
e à minha porta
só à minha porta choveu
eu e a minha escarpa feitos oásis de chuva
ainda dentro de água o sumo-sacerdote
olhou-me sem que ninguém visse
submerso até ao queixo
disse-me sem que os lábios de abrissem
«vai jesus
não esperes mais
não será a rocha dessa escarpa que te esconderá
do mundo
tens dívidas de amor contraídas com
todos os homens – foste tu quem
livremente se endividou – enquanto não
as saldares haverá sempre nuvens e chuva
sobre ti»
o sumo-sacerdote regressou à praia
a procissão regressou ao templo
e eu
,eu
,eu aqui estou a escrever-te
joão.........,se ainda és águia
se ainda me amas
ou não me amando é teu religioso desejo
cumprir a revelação de que foste transmissor
peço-te
:vem buscar-me – vem a hiroshima
leva-me deste lugar onde o sol nasce
e deixa-me uma outra vez
só
no extremo onde o sol de põe
ajuda-me a voltar ao ocidente
ajuda-me a escapar à eternidade
leva-me nas tuas garras para o deserto
onde fomos tão infelizes