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quinta-feira, maio 18, 2006

II - novos evangelhos - cartas de amor # 2 

# 2 – 17 de maio de 6006 – tchernobyl

nem navios
nem espelhos
todos os seres são deformações
o ar a terra
o éter
o fogo
:ilusões explosivas..........,mastros
de bandeira que se içam no meu pequeno
corpo – passam comboios
........sem passageiros
........sem maquinistas
comboios automáticos
carregando contentores de sangue
e membranas encefálicas para hospitais
nem livros nem palavras nem gente que come

um teatro
um colossal teatro que serve de templo
aos poucos mutantes humanos
que guardam a vaga memória da presença
de cristo no homem
é na torre desse teatro que está a cruz
a cruz que preparámos para que o senhor
se erguesse à altura das nuvens e pudesse chegar
ao pai sussurrando

às vezes fico terrificamente louca com a tua a
usênci
a
e subo à torre
para encostar a face
,os ouvidos
,à madeira cruciforme –
e daquele pedaço de árvore ouvem-se
antiquíssimos gritos
antiquíssimos gemidos
mas não é o sangue do filho
nem a voz do pai que desejo escutar
nem é o sangue da eternidade
que procuro beber
é a ti
médico das almas
,anjo com vestes de homem
,tu que não baptizaste nem consagraste
,que és apenas guardião –
tu
,a quem não chamam apóstolo nem discípulo
nem mestre nem homem nem vivo nem morto
,tu arimateia
,és o êxtase que procuro enrolada
na cruz mãe do mundo
a mim com-fiada –
o êxtase que na loucura extrema deste
lugar onde até os cães não têm forma de cão
que encontro
desejo
invoco

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