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quarta-feira, maio 17, 2006

II - novos evangelhos - cartas de amor # 1 

# 1 – 16 de maio de 6006 – tchernobyl

guardas um sangue que não te pertence
escondes a água e o sal
a lâmina com que cortaste o mestre
escondes do mundo o portal
das grandes revelações
tu próprio te escondes
? medo de salvar o mundo
e entregar aos homens a pomba
da vida eterna – não te quero mal
quero-te bem............,josé
,muito bem..............,porque te amo
,da mesma forma me escondo
– pior..................:escondo
a cruz
a vera
cruz
a santa cruz de onde tirámos o mestre
naquela tarde quente para que tu o
tratasses e curasses
foi nos sobre os nossos ombros que ele desceu
foi sobre os nossos ombros que o levámos
à cama onde havia de receber a cura
o feitiço

agora estamos sós
feridos
amarrados
a esta roma imensa em que se tornou o mundo
,o universo
,deus

não te julgo meu querido
como sei que me não julgas
nas nossas mãos repousa o cálice e o sagrado lenho
o sangue e a água
o sal que tudo abençoa
mas de nada serviria salvar a humanidade
revelando-lhes
revelando-nos
? quem acreditaria

deixa-os procurar o vaso e a madeira
deixa-os viver a vertigem da ilusão
maya salvadora daqueles de que quem será
o reino dos céus

um dia
se os nossos corpos se unirem
e a cruz tocar no sangue e água do filho
ele
que nos ungiu as mãos e a cabeça
que nos consagrou sacerdotes e bispos
de uma nova era que nunca soubemos
honrar porque nunca honrámos o nosso
amor – porque tivemos medo de um simples beijo –
esse que nos ungiu os pés
sentirá que é a hora
e cumprirá os ditos de joão

não te julgo
não te censuro
não te acuso de nada
sei que não me julgas
sei que não me censuras
sei que não me acusas de nada

deixa-me então
amar-te ainda em vida
junto a ti
deixa-me iluminar-me e
perdoar-me no tempo

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