sábado, abril 22, 2006
novos evangelhos - cartas de amor # 11
# 11 – 22 de abril de 6006 – hiroshima
chove
não há mar que sirva de porto a tanta
água – espero a tua águia
o livro aberto
branco
incensado
e no céu por mais que olhe e espere
só encontro gaivotas com mãos cheias de algas
já os peixes se dissiparam
num sopro recortado na orla dos
seus caminhos conjugais
neste japão até os peixes se casam
..........as fêmeas vestem-se de noiva
os cães não ladram
ouço o órgão de uma igreja onde me
ostentam crucificado conforme
a tua descrição – ficção a que me condenaste
e que respeito porque me liberta da presença invocada
também se ouvem os gigantes sinos
dos templos onde bendizem sidharta
templos
estes homens e estas mulheres
que nunca conheceram outros países
louvam cristos e budas que não conhecem
despenhando as suas vidas sonolentos
de olhos vítreos e membros incapazes
chove tanto
e ainda assim
apoiado neste arco abobadado
que me protege os pés ungidos
continuo a olhar o céu negro fingindo
a possibilidade de uma tua carta
chove tanto
a tua águia não virá
? é o preço que pago por te ter tido
e ter fugido
e ter de voltar
preço maior é a dúvida de termos existido
presos um ao outro no deserto
onde envés de gaivotas só nuvens
foram testemunhas
chove
não há mar que sirva de porto a tanta
água – espero a tua águia
o livro aberto
branco
incensado
e no céu por mais que olhe e espere
só encontro gaivotas com mãos cheias de algas
já os peixes se dissiparam
num sopro recortado na orla dos
seus caminhos conjugais
neste japão até os peixes se casam
..........as fêmeas vestem-se de noiva
os cães não ladram
ouço o órgão de uma igreja onde me
ostentam crucificado conforme
a tua descrição – ficção a que me condenaste
e que respeito porque me liberta da presença invocada
também se ouvem os gigantes sinos
dos templos onde bendizem sidharta
templos
estes homens e estas mulheres
que nunca conheceram outros países
louvam cristos e budas que não conhecem
despenhando as suas vidas sonolentos
de olhos vítreos e membros incapazes
chove tanto
e ainda assim
apoiado neste arco abobadado
que me protege os pés ungidos
continuo a olhar o céu negro fingindo
a possibilidade de uma tua carta
chove tanto
a tua águia não virá
? é o preço que pago por te ter tido
e ter fugido
e ter de voltar
preço maior é a dúvida de termos existido
presos um ao outro no deserto
onde envés de gaivotas só nuvens
foram testemunhas