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segunda-feira, fevereiro 06, 2006

tratado secreto da cidade # 34 

# 34 – vigésimo quarto dia – 34 de dezembro – évora

18h58

quebraste o aquário onde tínhamos posto um pequeno barco a vapor, o nosso frágil amor. tão recente, tão débil. num aquário igual a este (que propositadamente fracturaste) uma salamandra, de uma só vez, põe milhares de ovos. também esta minúscula nave podia ter deitado à água tépida uma galáxia de pequenos ovos. tenho por símbolo uma serpente-salamandra em círculo [como o globo do nosso aquário], com a ponta da cauda presa nos dentes. no centro, duas mãos apertam-se com chamas em volta. enquanto as mãos estiverem dadas não se queimarão, enquanto as mãos estiverem dentro do aquário formado pela salamandra nada poderá perturbar essa cadeia. uma vez quebrada a união da serpente e desunidas as mãos o fogo destruirá a união fraterna dos dedos e o aquário quebrado devolverá ao caos aquilo que pelo abraço tinha transformado em ordem
..........estou sentado num sofá de damasco vermelho. um antigo pano de altar. tenho no colo uma espingarda e estou à tua espera. aviso-te que a tenho carregada e as balas são para ti. quero oferecer-tas disparadas. não é uma espingarda qualquer. é uma espingarda de olhos e balas de sangue de romã. quando chegares ouvirás o estrondo do sangue disparado. pela primeira vez saberás o que é estar fora do aquário.

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