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segunda-feira, novembro 21, 2005

tratado secreto da medicina # 28 

«se um dia o meu peito adoecer de espera
nada terei a chorar» – disse pousando
a cabeça sobre a almofada lilás do sofá –
ouvi-o em silêncio – ?que
dizer perante a grande lucidez do fim – abri a
janela – ouvi-o adormecer e lá fora os
automóveis sobre carris
como eléctricos de lisboa (carris de ferro) – :

afinal para que lhes servem as rodas soltas
pensei
.......– e
no sofá – o gato continuava dormindo com
aquele ar de serpente feliz – pressenti
o bem que o animal tinha feito a si próprio
finalmente
ao fim de tantos anos de vida obrigatória
tinha conseguido desabafar
se um dia o meu peito...

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