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terça-feira, outubro 11, 2005

tratado secreto da paisagem # 33 

como centro ponto material
deste nosso encontro – meu querido
frio de outubro – fixei aquela praça
de lisboa onde inaugurámos a nossa
claridade sem orientação
sem pressas ou inscrições
como um traído traço de partida

desenho os cinco anos de sorriso
o teu lustro de amor – o ciclo
amado da hóstia consagrada que
partilhámos naquela cama
de oferendas
e perigosa transmissão sólida
dos corpos

quero do ar-
-te uma planta
o centro de uma frase
ou o vergão sangrento do prazer
a marcar-te o peito
mas nesta casa neste imenso tormento
nada me surpreende na infelicidade
transparente deste demoníaco chão
onde sou
mais que amante
impotente
na idêntica proporção ao que te amei
nada tenho para te dar
nem flor
nem pele
nem esse olhar horizontal
que tanto te excitava

já fui um pequeno jardim
branco de neve
à espera do teu beijo
que nunca me visitou
secaram as sementes possíveis
desta sólida condição marítima
este estado de noiva
como centro ponto material
do rosto que prometemos
de mãos dadas espetando garfos
para evitar o desejo que tanto quisemos

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