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segunda-feira, outubro 10, 2005

tratado secreto da paisagem # 31 

quando amo
o ser que dorme dentro de mim
é um corpo vão desfeito
de sois e estreitas espumas dançantes
aquáticas e vibrantes
que abrem e fecham como um pulmão
exangue – um orvalho perdido na mão
que se estende

sinto-me o calor que o aquece
que desenvolve nesse nevoeiro
o espasmo encantado de uma vida
a tempestade e os ossos em harmónica
vidência – o ser que dentro repousa
ousa penetrar-me
enquanto o amor é gradualmente mais fraco
mais doce mais distante
e
fora de mim não há nada
nem ar nem lábios nem livros
nem o sangue dos outros a libertar-se
de feridas – fora de mim não
sinto sequer o toque da pulsação inteligente
dos pássaros-abençoados-das-lagoas

esse ser que trago intramuros
é a violação de todos os perfis e segredos
o sim a todos os gemidos
um círculo-compasso desenhando
os limites das mais ínfimas propriedades
orgânicas lá
onde o céu se esvai em soluços
em maquinações geladas

entre mim e o ser que me invade
há um amor imenso
e a morte a sonhar

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