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sexta-feira, outubro 07, 2005

tratado secreto da paisagem # 27 

sapientíssimo grão-mestre
rei das mães e do poder de estado
flor de imensa gordura
anel de noivado – quase chuva quase charco
: passaram-se todos os anos
e não sei nada de jardins
nem de lagos não conheço as árvores
nem os peixes encarnados
se uma vez te vi é porque estavas deitado
numa cama de vime
com o olhar parado
cigarro aceso na boca a transbordar
depois esqueci-me como se esquece uma
seara depois de a comer em pão
sim
e ovos de coqueiro
desamparados
numa tarde quente
jardim botânico
lisboa
em janeiro

sapientíssimo grão-mestre
peço-te escusas dou-te vegetais
não estarei presente à hora do crime
não posso
não aceito
não preciso
não desenho
à hora do crime serei perfeito
sou perfeito
não quero prescindir deste meu inato jeito
para flor de limoeiro
como um jacto ceifando as nuvens e os anjos
num céu azul e rosicler
oh
o sol
pôs-se num envelope sorrindo
no correio

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