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quinta-feira, outubro 27, 2005

tratado secreto da medicina # 9 

hoje
se chove e o rio se arruina transformando-se
no algodão de conchas que o mar lhe oferenda
é porque a lua
apesar de horizontal
mantém a sua rota o seu imbecil trajecto
o seu rosto de asa voadora
arrastando-se sobre as recém-nascidas casas
não quero olhar para nada sonho com uma
chávena de chá e sinto-me como uma árvore a
caminhar entre algas
até os semáforos cheiram a maresia
e todos os poros desta pele aquática se
arrepiam fazendo do corpo uma espécie de
baía – um cotovelo a aninhar-se sem vento

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