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terça-feira, setembro 20, 2005

tratado secreto da paisagem # 9 

abraçam-se abrem-se como
troncos de azinheira acendendo-se
numa seara soprando o frio pelos olhos
pela pele – mergulhados
e há o rumor da morte à cabeceira
e tudo num campo de amor pode ser
como um azul lápis de desenho – um caderno
onde cada osso é um osso um veleiro
produzindo perfis de caravelas
moscas
e defuntos objectos

numa cama onde o odor da morte se
rumina os mastros aproximam-se

abraçam-se aranhas e as veias das azinheiras
há palavras de sangue
poderosas unhas rasgando o peito
borboletas
minerais
crucifixos
anjos-da-guarda
versos caídos de um céu imenso – planalto
de poemas à procura

abraçam-se e há gemidos
e sémen e saliva e dentes partidos
altas colunas de costas

abrem-se e há frágeis flores
surdamente

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