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quinta-feira, setembro 29, 2005

tratado secreto da paisagem # 18 

rodeia-me a tempestade mais fria do espaço aberto

vêm como leoas em pé de guerra
os predadores
?olhamo-nos
sim
olhamo-nos
têm saliva nos pescoços e quase olhos abrindo-se n
as garras – não avançam
os predadores
têm sempre medo o medo é a força d
os predadores

rodeia-me aquele odor a carne do espaço vácuo

vêm como coelhos ou ratos saltando pondo
fecundados ovos mamíferos
?reconhecemo-nos
sim
reconhecemo-nos
estamos num campo como árvores opostas divididos
por uma estreita estrada protectora
os predadores
são perfis à espera do seu tempo

e aqui estou
acácia deste lado da estrada
e por não vacilar com o cheiro dos vossos ossos
sei-vos emparedados [à espera do vosso tempo]

rodeia-me a resistência mais quente do espaço livre

os predadores são carne desfeita
sobras de pele – envelhecimento puro
entre as acácias e os predadores
há uma estreita estrada protectora
e os predadores
tremem friamente

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