terça-feira, setembro 27, 2005
tratado secreto da paisagem # 15
esta lua horizontal este primeiro sol
pesa-me como um tempo sentado
à espera de uma revelação
da aparição de um amor
de uma visão de sargaços trepando pelo mar
desafiando as ondas e o olhar caçador dos pescadores
a lua não é um planeta
nem um lugar - talvez uma igreja
uma igreja não é um lugar
como um planeta não tem olhar
nem esta horizontal luminosidade
pesa-me este tempo
de árvores despóticas
que à minha volta se fecham
em arcadas de pálpebras já pesadas de um sono
inteiro em plena escuridão
olho as mãos
o que delas restou
e
se alguma coisa tem sentido
é saber que esta espera não tem sentido
que não haverá revelação
nem a chegada de um amor em aparição
nem sargaços desafiadores de sal ludibriando
anzóis junto às rochas
olho as mãos
o que delas restou
e sei-me à espera
mas de nada – por isso este peso lunar
é tanto –
sei-me morto
condenado à horizontalidade dos astros
dos anzóis
dos sargaços
pesa-me como um tempo sentado
à espera de uma revelação
da aparição de um amor
de uma visão de sargaços trepando pelo mar
desafiando as ondas e o olhar caçador dos pescadores
a lua não é um planeta
nem um lugar - talvez uma igreja
uma igreja não é um lugar
como um planeta não tem olhar
nem esta horizontal luminosidade
pesa-me este tempo
de árvores despóticas
que à minha volta se fecham
em arcadas de pálpebras já pesadas de um sono
inteiro em plena escuridão
olho as mãos
o que delas restou
e
se alguma coisa tem sentido
é saber que esta espera não tem sentido
que não haverá revelação
nem a chegada de um amor em aparição
nem sargaços desafiadores de sal ludibriando
anzóis junto às rochas
olho as mãos
o que delas restou
e sei-me à espera
mas de nada – por isso este peso lunar
é tanto –
sei-me morto
condenado à horizontalidade dos astros
dos anzóis
dos sargaços