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segunda-feira, setembro 05, 2005

não sei se isto é amor # 35 

rodie

ouço este preambular coro da dor
e distingo nele a pequena lua –
..........certa espécie de renda
..........ou de leite escorrendo
e em vão ouço-te entre tantas vozes
,sinto-te o hálito..........,as mãos cheias
,o tempo da tua entrada..........:aguda sacrificada
e entretanto a noite corre rente à superfície

era tudo tão perfeito que não pude ter-te
e aquele que tiveste não é já aquele que bebeste

ponho de novo o disco onde estás
sonoramente marcada – e penso em dizer-te
...........(quando te vejo penso sempre em dizer-te)
essa última coisa que entre nós ficou ausente
há uma coisa entre nós
que ficou por confiar-te..........,um segredo
um verdadeiro segredo suspenso
quando te vejo e às vezes vejo-te
penso sempre em escrever-te ao ouvido
essa última palavra que tudo faria iniciar

é em satie que me refugio preso na laudatícia imagem
das tuas mãos abertas..........,sacrificadamente abertas
sobre as teclas de um piano
nunca tive dádiva mais flamejante..........:satie
junto a uma janela com o tejo a adivinhar-se

se te vir – e vou ver-te – e re
ver
-te
vou querer dar-te numa mão esse segredo
..........,e talvez até me beijasses
como agora no canto de vozes maestrinas de indistintos
amores – presos no ânimo –
e não vou dizer-te

encontrei em ti
mais que a perfeição
o próprio profundo fundo da terra
e não pude ter-te e tenho-te – incólume na boca
no coração deste segredo..........,amar-te foi ter
a coragem de perder-te minha asa..........,aguda sacrificada

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