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quarta-feira, agosto 31, 2005

não sei se isto é amor # 30 

já não importa o medo de perder-te
agora que ao espelho vi o segredo
das folhas de chá no fundo das chávenas
que foram os meus olhos

dantes
quando te esperava sentado no passeio
frente à casa onde com data errada dizem
que nasceu mário de sá-carneiro
existia em mim um medo sublime
que se espalhava por toda a baixa de lisboa
mas o tempo passou
sem asas

daqui a uns minutos terei envelhecido
e tu terás [eu sei porque tudo me foi revelado] a tentação
de me telefonar para me saber vivo ou jovem
ou ainda vivo ou ainda jovem
não terá sentido – até o meu nome terá mudado de lugar
e os cabelos crescido
e as unhas
e os dentes
..........não te vou responder
não te sei responder apesar de ser maior
em tamanho e cabelo branco que qualquer deus

?não percebes – sei demais para te poder revelar
o tempo que me resta que é tanto |
daqui a uns minutos
(ao espelho) verei nos meus olhos
[côncavas chávenas de chá]
o menino sentado no passeio junto à alcova
onde sá-carneiro nasceu – e apenas soará
o sino de um morfema idêntico a uma mão
ao rio – à escuridão de um círio a acender-se

..........perante a beleza
..........a bondade se não morre
..........é porque já morreu

já não importa o medo de perder-te
vou finalmente conhecer o fundo do chão

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