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sexta-feira, agosto 19, 2005

não sei se isto é amor # 21 

esta tarde deus quis
q
u
e
pudesse esconder-
-me entre
os dedos
e as pernas me chegarassem à altura dos olhos –
..........chegaram-me tíbias aos ouvidos
...............um forasteiro de nadas e tempo lembrando-
...............-se da praia

esta tarde só vapor – até a alegria se evapora
e a tristeza parou à porta
escurecendo o ar com nuvens isoladas
como a morte num campo de estradas e
folhas de chá

não há idade nos pés e o peito é um sino
que chama por piedade
pombas-mata-moscas para me salvar

ao princípio éramos satie e eu
hoje
louvado pelo vapor
pude voltar à melancolia dos plátanos sem fronte

sinto-me nutrido
com espumas na boca – é agosto
sol posto – geada devorada num trabalho sem mãos a medir

tudo é ávido neste meu centro cerebral como
no chão do laboratório de carne e osso
onde as janelas de sol e mar me afogam
aninhado num livro de invertida leitura
..........adormeciminhaqueridacomatuaoferenda
..........esseexemplarbeloecompletoondecadabrisa
..........correocorpocomoumdesertoegípcio
..........foiocorãoquemedesteaalmofadadaminhabênção
descansada

eis tudo quanto o tempo me levou

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