<$BlogRSDUrl$>

terça-feira, junho 14, 2005

o livro das noivas # 40 

# 40 – o ataúde


meu derradeiro jantar antes da procissão
não me assustam os teus versos complicados
de sémen e transparências – lá vou andando
ergo-me imortal no topo de uma orquídea
meu derradeiro erguer matinal porque choro
e transpiro
chegará o dia de todos os beijos
e a queda das acácias em meu nome
não me assustam as bandeiras que levanto
o que me consome é esta permanente falta de flores nas jarras
tenho à minha frente um barco onde bondosamente poisarão
o esquife
?lerão salmos?
quando chegar ao mar faço questão
de rebentar em líquidos que se espalhem
pelas ondas numa euforia de espuma

tenho um lírio por abrir e nunca te disse: meu amor
– foi o que contei ao soldador
àquele que vai selar o cofre do meu corpo dormente –

nada me assusta num caixão
é um palácio belo que todos respeitam
e deixam florir – assim eu
ao menos uma vez re
luza entre cristais
não esperes por mim estou gasta
de olhos verdes à deriva
e vou não mais cansada do que o costume
é só um poema – um último poema antes da espuma

This page is powered by Blogger. Isn't yours?