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segunda-feira, maio 30, 2005

o livro das noivas # 33 

# 33 – lavagem da loiça e do toilette

acordei com um escrevedeira-amarela
a bicar-me os olhos –
pareceu-me um animal excepcionalmente asseado
de olhar inteligente – talvez demasiado racional para
o meu gosto de ovo de avestruz – deviam
ser
umas cinco
[e pouco]
da manhã
e-soube-me-bem-aquela-surpresa-como-um-pequeno-almoço-na-cama
quando levantei a cabeça vi
que estavam mais dez [ou nove]
no lavatório e uns vinte [?será?] na banheira
devem ter passado a noite a chamar-se uns aos outros
não é de estranhar – uma janela a
berta
u
ma única janela aberta na cidade | nem uma fêmea
distin
guem-
-se
bem
os machos têm asas castanhas com riscas e as supracoberteiras caudais brancas
en
qu
an
to
as fêmeas têm cores muito mais apagadas quase invisíveis
esãomuitomaispequenas
muitíssimomaispequenas
muitomuitomaispequenastambémnão
masbastantemaispequenas
estranhei que só um se tivesse aproximado de mim
para me bicar os olhos – um mais corajoso
um valente escrevedeira-amarela
já não voltei a dormir - fiquei profundamente impres
sionado com a maneira limpa e organizada como cuidaram
da casa de banho durante o meu sono
há coisas
poucas [?quantas? [?quase?] ?as maravilhosas?]
que não se explicam

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