quarta-feira, maio 11, 2005
o livro das noivas # 21
# 21 – horticultura
caem-me pregos em cima e martelos e dores
os meus lábios rebentam em pequenas chagas carmim
e custa-me a andar sob esta carga de ruídos pontiagudos
apetece-me estalar
vincar a pele com fogo lento – fingir que corro
ou que morro correndo – fingindo – como se acordasse
como / como
o chão revolve-se em luzes de incenso – lume poente
cavernoso
dissidente
há cães que ladram como pássaros – o campo treme
lagos e videntes adormecendo de mágoas
desenfreadamente
repletos de medo – toda a solidão do mundo é um cravo
e tu / tu sempre presente
falo-te de longe já sem olhos
despedes-te da minha pequena vida – ris
luz branca de uma acácia doente
procuro o esconderijo das maçãs entre os dentes
tanta luz tanto segredo tanta coisa misteriosa sem acento
tanto vento – lagos imensos de incenso – chovem pregos
martelos operários numa terra descampada
são horas
caem-me pregos em cima e martelos e dores
os meus lábios rebentam em pequenas chagas carmim
e custa-me a andar sob esta carga de ruídos pontiagudos
apetece-me estalar
vincar a pele com fogo lento – fingir que corro
ou que morro correndo – fingindo – como se acordasse
como / como
o chão revolve-se em luzes de incenso – lume poente
cavernoso
dissidente
há cães que ladram como pássaros – o campo treme
lagos e videntes adormecendo de mágoas
desenfreadamente
repletos de medo – toda a solidão do mundo é um cravo
e tu / tu sempre presente
falo-te de longe já sem olhos
despedes-te da minha pequena vida – ris
luz branca de uma acácia doente
procuro o esconderijo das maçãs entre os dentes
tanta luz tanto segredo tanta coisa misteriosa sem acento
tanto vento – lagos imensos de incenso – chovem pregos
martelos operários numa terra descampada
são horas