segunda-feira, abril 04, 2005
quarenta romances de cavalaria # 26
# 26 – segunda-feira
TENHO MEDO QUE esta laje sob a qual estou aninhado separado e protegido seja levantada e sem nenhuma defesa o que ainda resta dos meus ossos e cabelos seja exposto aos desumanos ataques da bondade e do encorajamento tenho medo de tudo e odeio os corajosos a nobreza operária odeio o olhar canino dos mártires quero que me protejam para sempre preciso que rezem por mim que acendam velas e queimem incenso em minha memória antes que morra recusar-me-ei sempre a ser o leão da profecia debaixo desta pedra de xisto lutarei com a força que tiver para que possa continuar um rato castanho do campo enterrado na lama longe dos pintores dos escritores dos religiosos dos que estão em estado de graça quero rastejar cego como as toupeiras fugir do sol da luz dos homens bons agarro esta pedra pelas pontas e puxo-as sobre a cabeça como as crianças fazem com os lençóis acredito que se tivermos a cabeça submersa em lama todos anjos que me queiram injectar animo e confiança e saúde não terão coragem de me atacar o meu único desejo é que morra a esperança que possa enfim deixar-me paralisar perder de respiração que cada dia seja menos um e perder a inteligência o olhar o poder das mãos a expressão do rosto preciso que me protejam que rezem por mim acendam velas e queimem incenso em minha memória antes que morra neste incógnito lugar junto aos sobreiros escondo-me de todos à espera de alguém o paradoxo da minha pobreza é querer tudo uma morte sossegada e um beijo antes de dormir por isso tenho medo que levantem esta laje e sem me protegerem me deixem exposto à luz do sol obrigando-me a reagir a rugir a caçar como gostaria de ser alimentado com aquelas rações para hamsteres todos os dia numa dose menor até que os ossos deixassem de engordar e depois começassem a emagrecer e o cabelo fosse caindo e um dia já só fosse um pó uma casca desidratada de cortiça_
TENHO MEDO QUE esta laje sob a qual estou aninhado separado e protegido seja levantada e sem nenhuma defesa o que ainda resta dos meus ossos e cabelos seja exposto aos desumanos ataques da bondade e do encorajamento tenho medo de tudo e odeio os corajosos a nobreza operária odeio o olhar canino dos mártires quero que me protejam para sempre preciso que rezem por mim que acendam velas e queimem incenso em minha memória antes que morra recusar-me-ei sempre a ser o leão da profecia debaixo desta pedra de xisto lutarei com a força que tiver para que possa continuar um rato castanho do campo enterrado na lama longe dos pintores dos escritores dos religiosos dos que estão em estado de graça quero rastejar cego como as toupeiras fugir do sol da luz dos homens bons agarro esta pedra pelas pontas e puxo-as sobre a cabeça como as crianças fazem com os lençóis acredito que se tivermos a cabeça submersa em lama todos anjos que me queiram injectar animo e confiança e saúde não terão coragem de me atacar o meu único desejo é que morra a esperança que possa enfim deixar-me paralisar perder de respiração que cada dia seja menos um e perder a inteligência o olhar o poder das mãos a expressão do rosto preciso que me protejam que rezem por mim acendam velas e queimem incenso em minha memória antes que morra neste incógnito lugar junto aos sobreiros escondo-me de todos à espera de alguém o paradoxo da minha pobreza é querer tudo uma morte sossegada e um beijo antes de dormir por isso tenho medo que levantem esta laje e sem me protegerem me deixem exposto à luz do sol obrigando-me a reagir a rugir a caçar como gostaria de ser alimentado com aquelas rações para hamsteres todos os dia numa dose menor até que os ossos deixassem de engordar e depois começassem a emagrecer e o cabelo fosse caindo e um dia já só fosse um pó uma casca desidratada de cortiça_