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quinta-feira, março 31, 2005

quarenta romances de cavalaria # 22 

# 22 – quinta-feira

NASCEU CEDO A MINHA PAIXÃO POR VENTOÍNHAS talvez ainda nem fosse criança e já sentisse esta obsessão por hélices giratórias e vento artificial mais que uma paixão é um verdadeiro amor mais que um verdadeiro amor é a minha forma de acompanhar o planeta nas suas viagens e rodar a vida tenho uma imensa colecção de ventoinhas e todas sempre ligadas girando ininterruptamente em diferentes velocidades mas com uma impressionante harmonia se vou a um restaurante que ainda mantém aquelas velhas pás no tecto que não aquecem nem arrefecem o meu pequeno cérebro expande-se imediatamente num universo de maravilhosas efabulações é tal a minha excitação que até as unhas ouço crescer numa correria numa ânsia desmedida de tudo encontrar nada na vida pode ser mais estimulante que uma ventoinha e o vento que dela sai na direcção dos nossos mais íntimos desejos é o verdadeiro sopro de deus ali à mão de um clique se tivesse dinheiro mandaria vir ventoinhas de todas as partes do globo cada uma com a sua verdade porque não se julgue que uma ventoinha asiática tem a mesma vibração que uma ventoinha caribenha nas hélices que transportam uma ancestral cultura centrípeta rodando com uma energia insuperável que anima o cosmos mais que o amor de mãe mais que flores no campo mais que o a cor amarela do mar da jamaica o mundo só será digno desse nome quando reconhecer às ventoinhas o exemplo e o símbolo de toda a criação como foices girando sobre as nossas cabeças_

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