sexta-feira, março 25, 2005
quarenta romances de cavalaria # 16
# 16 sexta-feira
ÉS UMA PRAGA DE GAFANHOTOS começaste bem foste a célula fundadora de um sério espírito revolucionário apoiaste a tua acção na mão esquerda de antero saíste à rua com a bandeira certa entre os dentes avante meus irmãos de todo o mundo soubeste gritar nos teus primeiros escritos e por aí ficaste mesmo quando foste o único a corajosamente caminhar contra os fuzis no campo negro da batalha fascista já não tinhas no coração a força da clareza e a pureza da revolução mesmo quando corajosamente foste o único a caminhar contra os fuzis no negro campo de batalha fascista foi a revolução permanente que quiseste matar quando chegou a madrugada que todos nós esperávamos o dia inicial inteiro e limpo onde emergimos da noite e do silêncio e livres habitámos a substância do tempo arrancaste os cravos das mãos dos teus irmãos e substituíste-os por váliuns e assim os mandaste aos teus irmãos de sangue sem escrúpulos afrontar o inimigo errado o teu movimento rodou para a mão direita de antero para o momento em que na praia no desengano ele disparou o gatilho contra a sua própria cabeça e a cabeça atingida de antero foi a tua cabeça a furar-se hoje sexta-feira santa és um moribundo de cornos sangrando com a forma de uma praga de gafanhotos e as tuas últimas forças se concentram como sempre na tentativa de infiltrar os teus exércitos de insectos cegos pelas frinchas dos corpos sãos daqueles que te conhecem e denunciam as vísceras o teu saber mesmo ferido de morte é atacar o teu inimigo de hoje é o teu inimigo de antes o poema o teu exército está disposto a tudo a morder as mais gentis flores que desabrochem à tua esquerda enquanto deixas impunes e de campo livre aqueles que te rodeiam pela direita hoje que é sexta-feira santa só te consigo desejar a morte mas apesar de ser morte o que te desejo a morte que te desejo não é a morte que me desejarias é esse o tudo que nos distingue eu quero que morras hoje mas que não tenhas o estertor doloroso e lento que certamente quererias para mim tu não és o meu inimigo nunca foste nisso nunca me conseguiste fazer acreditar quero que tenhas uma boa morte suave e delicada como um poema o poema que sempre tentaste destruir a mão esquerda de antero que decepaste que a tua morte seja só um deixar de respirar talvez no domingo ressuscites e se assim for podes acreditar que durante este sábado de aleluia incontáveis hostes de cavaleiros vermelhos estarão a preparar-se para te receber entre as suas fileiras de poema e entre nós que eu serei um desses cavaleiros poderás novamente permanecer até que a história se repita e das tuas mãos seja disparado o tiro da renovada traição_
ÉS UMA PRAGA DE GAFANHOTOS começaste bem foste a célula fundadora de um sério espírito revolucionário apoiaste a tua acção na mão esquerda de antero saíste à rua com a bandeira certa entre os dentes avante meus irmãos de todo o mundo soubeste gritar nos teus primeiros escritos e por aí ficaste mesmo quando foste o único a corajosamente caminhar contra os fuzis no campo negro da batalha fascista já não tinhas no coração a força da clareza e a pureza da revolução mesmo quando corajosamente foste o único a caminhar contra os fuzis no negro campo de batalha fascista foi a revolução permanente que quiseste matar quando chegou a madrugada que todos nós esperávamos o dia inicial inteiro e limpo onde emergimos da noite e do silêncio e livres habitámos a substância do tempo arrancaste os cravos das mãos dos teus irmãos e substituíste-os por váliuns e assim os mandaste aos teus irmãos de sangue sem escrúpulos afrontar o inimigo errado o teu movimento rodou para a mão direita de antero para o momento em que na praia no desengano ele disparou o gatilho contra a sua própria cabeça e a cabeça atingida de antero foi a tua cabeça a furar-se hoje sexta-feira santa és um moribundo de cornos sangrando com a forma de uma praga de gafanhotos e as tuas últimas forças se concentram como sempre na tentativa de infiltrar os teus exércitos de insectos cegos pelas frinchas dos corpos sãos daqueles que te conhecem e denunciam as vísceras o teu saber mesmo ferido de morte é atacar o teu inimigo de hoje é o teu inimigo de antes o poema o teu exército está disposto a tudo a morder as mais gentis flores que desabrochem à tua esquerda enquanto deixas impunes e de campo livre aqueles que te rodeiam pela direita hoje que é sexta-feira santa só te consigo desejar a morte mas apesar de ser morte o que te desejo a morte que te desejo não é a morte que me desejarias é esse o tudo que nos distingue eu quero que morras hoje mas que não tenhas o estertor doloroso e lento que certamente quererias para mim tu não és o meu inimigo nunca foste nisso nunca me conseguiste fazer acreditar quero que tenhas uma boa morte suave e delicada como um poema o poema que sempre tentaste destruir a mão esquerda de antero que decepaste que a tua morte seja só um deixar de respirar talvez no domingo ressuscites e se assim for podes acreditar que durante este sábado de aleluia incontáveis hostes de cavaleiros vermelhos estarão a preparar-se para te receber entre as suas fileiras de poema e entre nós que eu serei um desses cavaleiros poderás novamente permanecer até que a história se repita e das tuas mãos seja disparado o tiro da renovada traição_