<$BlogRSDUrl$>

quarta-feira, março 23, 2005

quarenta romances de cavalaria # 14 

# 14 - quarta-feira

SETE METROS POR QUATRO quatro secretárias três trabalhadores e uma janela sobre as secretárias letras impressas em volumosas resmas de papel resmas e resmas de papel resmas e resmas de letras sobre as secretárias letras com esperança de um dia serem respiradas soletradas tornadas livro sete metros por quatro de um laboratório-incubadora de caracteres em pirâmide formando um livro único uma bíblia comum a todos os assuntos a todas as ideias destinada a todos os seres sem lhe tocar num parágrafo sem lhe alterar uma vírgula transforma-se aquela amalgama de mediocridades individuais numa genialidade ímpar una capaz de todos abranger e tudo amar mas eles os eles de sempre os editores entendem tudo ao contrário e à montanha vão subtraindo uma a uma as pedras da catedral os pilares da grande obra e a dignidade da rocha que sustenta a ogiva central do livro vista à lupa não é mais que um fascículo de culinária retirado da montanha dos papeis pintados cervantes é um fascículo de culinária teimosamente os desconstrutores os editores tentam destruir esta magnífica oportunidade bíblica e lá vão todos os dias de martelo na mão desmembrando a original babel essa não contabilizada maravilha do mundo mas deus persiste como uma toupeira furadora e mal um elo daquela comunidade é destruído logo outro anel é magicamente acrescentado outra rocha cúbica é colocada outros caracteres se aninham na pirâmide e assim sucessivamente se constrói e desconstrói que deus não desiste dos seus sublimes projectos ao fim da tarde o sol ou a sua falta entra pela janela acendendo aquele pequeno forno alquímico e por mais que os padres os editores persistam nos seus desígnios de edição à lupa o grande olho do caos não se deixa derreter e a torre volta a reerguer-se transformando os bisontes os editores em sanchos pança de tristíssima figura_

This page is powered by Blogger. Isn't yours?