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sexta-feira, fevereiro 11, 2005

metrónomo # 8 

é preciso preparar o momento em que os corpos se desligam
e conhecer a beleza profunda do limite
há um tempo em que tudo se liquidifica
numa amálgama de trovoadas/em prantos
arrebatadores que fazem acreditar que tudo
o que existiu e existe –
existirá
há um momento em que os corpos são só pele e é
o reconhecimento das suas fontes de calor que os faz enlaçar
e circular como balões de hélio no céu
há o dia contido na tristeza dos olhos/o irremediável arrefecimento amoroso das memórias
em que as lágrimas e a língua se enrolam por dentro
num desejo desesperado de perpetuar a irreplicável
explosão primordial
é o momento derradeiro em que se desliza em sentido contrário
e o medo absorve os membros
a linfa
e os olhares se recusam
que lamento pode haver quando as andorinhas-do-mar-ártico
partem sem regresso nos princípios de maio para se encontrarem com as costas marítimas da europa do norte?

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