terça-feira, fevereiro 08, 2005
metrónomo # 5
imaginava o frio com uma científica beleza
desenhava cabelos nas mãos/traços contínuos
queria pintar gárgulas – torná-las azuis
abrir em mim um sulco de grafite/ser tudo
no instante em que ouvisse o sino
da sé e desdobrar-me em infindas transparências
radiográficas
sonhava ser pedra e por dentro dela [de mim] ver o
sangue circular pausadamente –
imaginava o frio como o pronúncio da força
máxima do voo/de um vento que viesse
imaginava a possibilidade libertadora
de uma verdadeira tormenta que fulminasse
os dias sem verde/insones/mutilados
mas entre mim e a realidade haverá sempre um vidro inquebrável
nada mais que a proclamação da infertilidade: a palavra
o desejo imaginado
desenhava cabelos nas mãos/traços contínuos
queria pintar gárgulas – torná-las azuis
abrir em mim um sulco de grafite/ser tudo
no instante em que ouvisse o sino
da sé e desdobrar-me em infindas transparências
radiográficas
sonhava ser pedra e por dentro dela [de mim] ver o
sangue circular pausadamente –
imaginava o frio como o pronúncio da força
máxima do voo/de um vento que viesse
imaginava a possibilidade libertadora
de uma verdadeira tormenta que fulminasse
os dias sem verde/insones/mutilados
mas entre mim e a realidade haverá sempre um vidro inquebrável
nada mais que a proclamação da infertilidade: a palavra
o desejo imaginado