quarta-feira, fevereiro 23, 2005
metrónomo # 31
repara na espessa muralha que nos separa
cavada no que fomos
lá fora uma laranjeira suporta corajosa a força da culpa
e as laranjas são como olhos insones
observando clarividentes esta pesarosa intranquilidade
que torna impossível o grito ou a mudez
entre nós e o tempo que já não temos
talvez pudesse ter-se aberto o sol de um piano ou uma chuva de
rosas
assusta-me mortalmente a frieza do nosso desconhecimento
e a forma como se adensa este nevoeiro
de pedra
apesar da noite
do gelo
e do temor
as gralhas da sé ainda estão acordadas e sobrevoam
a casa em frente
talvez procurem entre as telhas
o ouro com que iluminarão os insondáveis recantos onde se amam
cavada no que fomos
lá fora uma laranjeira suporta corajosa a força da culpa
e as laranjas são como olhos insones
observando clarividentes esta pesarosa intranquilidade
que torna impossível o grito ou a mudez
entre nós e o tempo que já não temos
talvez pudesse ter-se aberto o sol de um piano ou uma chuva de
rosas
assusta-me mortalmente a frieza do nosso desconhecimento
e a forma como se adensa este nevoeiro
de pedra
apesar da noite
do gelo
e do temor
as gralhas da sé ainda estão acordadas e sobrevoam
a casa em frente
talvez procurem entre as telhas
o ouro com que iluminarão os insondáveis recantos onde se amam