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terça-feira, fevereiro 22, 2005

metrónomo # 29 

évora – konzert für klavier und orchester
nr. 23 a – kv 488 / wolfgang amadeus mozart / 1756 – 1791 / a janela
é a mesma a rua repete-se e no negro
intransponível deste céu fechado a visão alucinante
da copa densa de ornamentos azuis da basílica

konzert [00.00h]:

o vento traz da planície o frio e a imobilidade do trigo
nas ruas a solidão toca o fio
de estrelas cortantes que nos contemplam


klavier [1.00h]:

no hospital uma mulher gorda
é tecnicamente preparada para dar à luz
agoniada tem vergonha de vomitar

orchester [2.00h]:

treze monges cartuxos
levantar-se-ão das camas de madeira
vestirão os hábitos brancos/as sandálias escuras de couro
e subirão encarapuçados até ao coro da igreja
para recitar orações que se propagarão inaudíveis durante séculos
(repetirão o ritual de quatro em quatro horas
até que os seus cadáveres sejam
guardados – na horta – depois de lavados)


w.a.m. [4.30h]:

numa casa de tectos baixos
um homem fumará um cigarro às escuras –
antes da aurora
terá tomado a decisão
irreversível
de jamais voltar a mover-se
(1756 – 1791)

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