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domingo, fevereiro 20, 2005

metrónomo # 26 

«demon est deus inverse» – pirogravado nas costas
– profética pele de omoplata – assim veio a criança ao mundo –
polyanthemus nasceu a arder numa tarde banal/sem sol/sem chuva/sem céu
uma tarde contentinha género dia de eleições
o médico entrou em pânico e fugiu à procura de enfermeiras que
uma vez presentes lavaram a criança com um jacto de extintor vermelho

a mãe limpou-se enojada numa bacia de esmalte
o pai estava a trabalhar e nunca chegou a saber disto
e ninguém reparou na inscrição que aliás não quer dizer nada

no mesmo dia partiram do oriente reis na quantidade de três
com presentes úteis para a criança
já em adulto polyanthemus tatuou na testa
a azul outra inscrição misteriosa
«in ri» [em riso]

para agradar a uma namorada que tinha e que a família nunca aceitou
morreu cedo polyanthemus
hoje
poucos se lembram do seu insólito nascimento

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