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sábado, fevereiro 19, 2005

metrónomo # 24 

emergiu a pedra porque esperávamos
grande oráculo feminino – alga matriz
útero transportador do trono do grande andrógino
abrir-se-á uma fenda masculina derramando sobre
as pernas todas as edificações
chegou o tempo das catedrais ao invés
entre nós levantou-se a montanha da negação – adventício
da morte eterna das pedras de toque

durante séculos sem princípio
os homens acreditaram que o segredo áureo
residia na construção/no arquitectónico simbolismo
do interior da terra – pois não é na pedra cúbica
que assenta a escada que leva ao topo do céu
nem há escada nem o céu tem cobro

comece pois a destruição das imagens cruciformes
que caia a casa e a oração
hoje é o dia da nossa primeira viagem
o dia novo
a nova rotação dos planetas
o fim dos eixos
é a hora violenta e amorosa em que a terra principiará
a sua combustão interna
polida e radical
redonda
que fará cair todos os castelos

definharão os ventres maternos
apodreçam os falos reprodutores do passado

!chegámos

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