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quinta-feira, fevereiro 17, 2005

metrónomo # 19 

sento-me no escuro ruminado de um céu de cinzas
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e repouso
no nome
desta estrela que foge da via láctea a setecentos quilómetros por hora
pressentindo a tristeza plena
da floração terrestre
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e a cadeira estremece – tudo estremece à sua furibunda passagem
o líquido no ventre das mães
lança-se no vácuo pelo impulso louco dos filhos
um dia lembraremos
com uma incendiada memória infantil
o momento exacto em que uma estrela refractária
pôs em marcha o seu plano de livre flutuação
impondo aos astros o seu próprio campo de voo
lembraremos o dia
em que se tornou pele
a possibilidade/o exemplo extremo
do sangramento de uma roda de poeiras radioactivas
revoltando-se contra o trono do próprio sol
hoje soubemos que a fuga é possível
uma estrela quebrou violentamente os laços
e desertou de um exército de obediências agonizantes
respirou
a setecentos quilómetros por hora segue a esperança
de todas as desobediências
e o meu coração acelera
transborda de electricidade
não tem destino esta estrela – não tem comando
voa com a liberdade radical dos que reclamam a necessidade primacial
da deserção
do poema

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