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domingo, fevereiro 13, 2005

metrónomo # 11 

os meus olhos coagularam durante os breves instantes do sono
não posso ter a certeza de que já seja dia
penso que a vida é tremenda
não mais tremenda que a das maçãs
mas eu penso
e todos os impulsos eléctricos do cérebro
engendram uma vida superiormente tremenda
preso a estes eléctricos cabos cranianos
saberei exactamente o que é uma maçã?
autorizei todos os terrores/todas as hipóteses
cri em todas as efabulações do temor
?poderei sequer ter a certeza que são meus os meus pensamentos
é a obstrução dos líquidos que envolvem a íris
que torna abafado o grito
e só pelos olhos o socorro é audível
«não estás sozinho/sentes-te sozinho/o que é diferente»
disseram-me
e a seguir
?que gesto? que odor?
como é absurdo pensar na salvação
tão absurdo como pensar na utilidade do martelo
ou recusar a eficácia do parafuso
NÃO ESTOU SOZINHO
MAS SINTO-ME SOZINHO o que é diferente – eu creio
?devo então assumir que a leveza existe
que nenhum órgão interno irá desistir da sua laboração?
?que ainda antes de uma outra noite os meus olhos
retomarão o seu percurso liquefeito
deverei contar com a claridade odorífera das macieiras?

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