<$BlogRSDUrl$>

sábado, fevereiro 05, 2005

metrónomo # 1 

esta noite ergueu-se uma ruidosa pirâmide de sal – só um
alcatraz investia sobre a ela suportando sem dor as queimaduras
procurando – submarino – excrementos e vísceras animais
perto da base térrea do edifício
quando emerge traz nos dentes um cão/uma mão/algum objecto
insignificante – colares ou casacos de verão
furiosamente negras/necrófogas – as gralhas nos seus chamamentos profundos
velejam em volta do pico mais íngreme da pirâmide
esperam a carne putrefacta –
os pequenos mamíferos/peixes em prolongados afogamentos
a cidade percorre o seu habitual deserto orbital

ei-la a cidade – ausente num contínuo cansaço coronário

antes das chuvas a estrutura aspirará a catedral/a casa celeste
a panteão de grandes figuras – eu – nem uma coisa nem nada
volto os olhos para o frio nos dedos atormentando-me com
os voos de que sou incapaz
se obrigado a tomar partido
estaria do lado do colossal andorinhão de asas de gadanha
e cauda de forquilha que sobrevoa o rio ali tão perto
os andorinhões voam permanentemente e quando estão exaustos
as suas fracas patas impedem-nos de retomar o voo e geralmente morrem

ei-los – os sages


This page is powered by Blogger. Isn't yours?