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domingo, janeiro 02, 2005

de te reler - o espelho # 39 

escrevo o meu nome num papel – sei-o de cór – ao nome/sei o meu nome de cór
escrevo letra por letra esta pedra que arrasto desde o berço e é
o teu nome que aparece impresso na página que julguei em branco
escrever é perigoso/como as orações ditas inconsequentemente – podem realizar-se
escrevo o meu nome outra vez – sei-o de cór – ao papel/sei o papel de cór
agora é a pedra que aparece cravada na folha
nem a caneta nem o papel nem a pedra nem tu pertencem a estas palavras
que me distinguem dos outros viventes – é no entanto a vossa marca a
minha assinatura possível – a pequena luz sobre os indecifráveis caracteres que me compõem


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