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sábado, janeiro 01, 2005

de te reler - o espelho # 33 

quando morreste eu era pintor/quis fazer uma lápide para a tua sepultura
e cheguei a desenhá-la/rigorosos traços/perigosos riscos/três cores/papel vegetal
[perdi-o entre tantas mudanças de paradeiro]
nunca tive dinheiro para pagar a um canteiro que gravasse numa pedra a teu gosto
esse desenho tricolor que quis para teu lençol e aconchego
já se passaram anos? as tuas ossadas já foram levantadas – isso eu sei/carregadas
numa pá de coveiro por um diligente funcionário camarário no cumprimento do dever
para parte incerta? a verdade é que perdi o rasto do teu cadáver –
neste primeiro dia do ano – sabes que já é janeiro - sabes? – gostava que me dissesses:
terias gostado de uma campa cuidada? terias querido uma lápide feral feita por mim sobre
o teu corpo em decomposição?


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