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segunda-feira, janeiro 10, 2005

breve gramática das raízes # 9 

a arma do gramático está na boca e na cauda –
semelhante a um basilisco com as mãos animadas de punhais
flamejantes
da sua boca exala enxofre
cavalga com duas patas na terra e duas no mar
conhece as cidades e os homens que nelas levitam
é compositor de todas as partituras – as da morte
as do nascimento as do desejo
cada movimento nosso é comandado pela musica dos seus
relâmpagos de esterco e sésias
há quem tenha o dom de o fitar e lhe conhecer os olhos
e a resina
das suas lágrimas – esses
que se banharam nos lagos cheios da seiva quente
dos espasmos construtores – jamais usarão da palavra
pois as gargantas foram-lhes seladas para sempre

fecham-se cortinas
sobre os meus olhos uma luz negra impede-me de entrever
a tua face e mover os meus lábios em direcção à tua pele
nada tenho que me defenda – nem crença/nem força/nem dinheiro/nenhum dom
nada posso contra a grande gramática

fecham-se cortinas resta-me esperar a tua piedosa saudação fúnebre


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