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quinta-feira, janeiro 06, 2005

breve gramática das raízes # 4 

que ninguém tome a tua coroa
és a árvore que me protege

mesmo que se abra uma porta no céu
e no céu alguém estiver sentado
num trono
e esse for o primogénito dos mortos
tu – minha árvore – que tens olhos como chamas
e raízes como bronze –
não me desabrigues

mesmo que à tua frente se abra uma fenda até ao centro
da terra
e lá esteja sentado
num trono
o príncipe do mundo
continua a laçar-me com teus ramos/a enverdecer-me
tenho a pele ligada a ti como um filho acabado de nascer

sei
que os que tomam o assento dos tronos
são cruéis e sabem dos teus poderes – querem a tua coroa
conhecem a força cerúlea das tuas folhas gigantes

eles vão querer que me repudies
meu amante das tardes sem princípio
preciso do olhar protector da tua copa em forma de águia-de-sete-
-cabeças

tenho vestido o hábito dos operários – possuo as ferramentas
com que os mineiros encontram o carvão que contêm o diamante
mas só em ti reside a luz que tudo indica – guia-me

mesmo que o rei do mundo te ordene a minha expulsão – não
desertes
de mim...ou
...se assim tiver de ser – não esqueças que te amo
meu castanheiro


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