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quarta-feira, janeiro 19, 2005

breve gramática das raízes # 20 

eu podia rasgar o corpo e procurar satélites de luas infinitas
pôr as mãos em concha como um caço de sopa só
para suster o sangue que chove das árvores
podia escrever infinitamente versos que finalmente
formassem a crosta de um poema
ler todos os livros do planeta/escutar o canto de todos os pássaros audíveis
mas jamais alcançaria o sol profundo -
a garganta em espasmo doce das três gymnopédies de satie

houve alturas em que o mundo
se retorceu de belezas gigantescas/de flores de todas as claridades
onde os dedos que tocavam as teclas de um piano
as tocavam por dentro
e o piano era mão e a mão corda e a corda um círculo de pó dourado
elevando-se em todas as direcções do alto
um tempo em que os nomes das coisas não eram as coisas
ou correspondiam a coisas a que os nomes não respondiam
um mundo inventadamente permanente


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