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terça-feira, janeiro 04, 2005

breve gramática das raízes # 2 

silêncio

eu vi-os –
sobre a secretária onde escrevi o meu testamento –
sete candelabros de ouro
assim como vi
àquele que era semelhante a um filho do homem
e de cuja boca saía uma faca afiada de três gumes
não era dia nem era noite e
havia navios suspensos sobre a casa

silêncio

uma águia pousou sobre o meu braço esquerdo
e abrindo a sua boca em garra extirpou-me
a mão que escreve para que o sangue me saísse
e tudo lavasse – papeis/corpo/desejo/testamento

silêncio

aquele que era semelhante a um filho do homem
chamou os navios à navegação
soaram apitos agudos – sonoras sirenes voadoras
e com a faca – o ser esdrúxulo que me visitava -
apunhalou a águia que caiu morta sobre
um inexistente chão quadriculado

silêncio

os navios partiram e
nos candelabros acenderam-se chamas azuis - estáticas
invibráveis...

ruído

sem que tivesse adormecido nem acordado

tudo desapareceu – nem uma gota de sangue
manchara o papel do testamento – apenas uma fina dor no peito perdurou
como se sentisse cravada no coração uma afiada faca de três gumes


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