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quarta-feira, dezembro 15, 2004

o princípio # 34 

soldaram-me àquela máquina de
dedos-ventosa arpoados ao crânio
queriam registar inaudíveis batimentos
celulares
queriam ouvir (talvez mesmo ver)
o rasgar do tecido que forra as partículas
invisíveis de que sou feito

havia um espelho e uma larva de borboleta
presa numa teia entre o espelho
e a mesa de combate – enquanto ali estive
lembrei-me de macbeth/macbeth de wells
das bruxas/do caldeirão/o nevoeiro
havia um espelho...
e uma aranha presa a uma teia
uma outra teia
entre o espelho e a mesa de combate
num intenso nevoeiro de punhais

que chamarei a esta visão
que nome
que palavra escolherei
enquanto –
amplificados num pequeno e humano aparelho de
operáticas medições encefálicas – ouço
o som agudo e inexplicável/vindo de mim/vindo da máquina
o som primordial do que em mim foi secreto/agora
consentidamente revelado

não há grandes diferenças
entre estar ali ou ir cortar o cabelo
de uma maneira ou de outra
o desfecho...o fecho
será...é...foi
o corte laminar exacto do que restava intacto
em tacto
esse milésimo pedaço-traço
desequilíbrio ordenado do meu cérebro
contententor de mim diferente da máquina
da aranha
da larva
da teia

no fim (que fim – quando)
as células a aranha a larva a teia
fundir-se-ão no som agudo e espaçado da máquina
e já tudo será outra coisa
e tudo estará certo e renascido
como se as sonoras partículas que compunham
o osso cerebral
desde sempre tivessem sido um agudo grito automático
um útero neurológico em trabalho de parto

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