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quarta-feira, dezembro 22, 2004

de te reler - o espelho # 7 

confiei em ti loucamente/bebi de olhos vendados a taça com que me tocaste os lábios
devagar/amando-te/bebi daquela água insípida cego de mim
as tuas mãos enluvadas agarravam-me como se te quisesses proteger
da contaminação funesta do meu amor – só mais tarde – tão mais tarde –
percebi do que realmente te protegias tocando-me assim
não era o meu amor que receavas – mas o teu amor – cego continuei quando sem
um tremor aceitei das tuas mãos a segunda taça/cálice da amargura/sabor a ossos
de cão rasgados em dores infindas/confiava tanto em ti que ingeriria tudo o que n
os meus lábios depositasses/engoliria sem hesitar gente putrefacta cães negros apunhalados
ferros em brasa – tudo tudo tudo – não percebes? confio desmesuradamente em ti
– é assim tão incompreensível?
com a mesma serenidade levei à boca a terceira taça a que me obrigaste/deixei que
todo o líquido se entranhasse em mim/cada gota – cada limalha desse ferro líquido
me penetrou e eras tu quem me penetrava – meu amante oculto como uma faca engolida
e o líquido foi doce e quente enquanto abria a minha garganta/penetrador líquido teu
escorrendo até ao que de mim é mais dentro
meu óvulo masculino


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