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terça-feira, dezembro 21, 2004

de te reler - o espelho # 5 

tenho os lábios colados ao vidro desta janela oval – não é um beijo
já não tenho medo das tempestades nem da tua ausência
é a mim que toco colando a boca a este óculo
a água escorre-me pelas costas/são dedos de infinita doçura/chicotes
tomo banho pelo puro prazer de mim/virgem/menino como dantes
nu/quente/vapor/desejo-me como se deseja o crescimento
de uma árvore plantada no inverno/estou aqui e tu nunca o saberás
morto? sim – como fumo – mas no prazer de me beber nu
libertei-me da tua sublime feitiçaria


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