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sexta-feira, dezembro 31, 2004

de te reler - o espelho # 32 

daqui vê-se o horizonte na sua verticalidade suburbana
daqui vê-se o tejo cobardemente contido pelo bom-senso das gaivotas –
tu dormes
daqui vê-se a lua em eclipse/vê-se o acordar diabólico dos falcões
vê-se tudo o que se move no interior da terra
daqui vejo-te dormir e pressinto-te em espasmos de fúria muscular/presa
à cama presa a ti presa a esse orgulho que te tranquiliza as veias
daqui não se vêm barcos nem pescadores nem fábricas de suor operário
aqui/nem em lado nenhum/se ouvem as pancadas decidas dos martelos triunfantes
malhando sobre o ferro em brasa que nos levaria à invasão violenta da cidade
ao som organizado dos tambores voadores/dos pássaros em revolta
os dias continuam na sua horizontal verticalidade suburbana – o resto
são delírios de um amor insone – dorme
dorme


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