quarta-feira, dezembro 29, 2004
de te reler - o espelho # 26
há quantos anos – walt whitman – vimos a esta casa de banho fazer amor
– encobertos – como estranhos – como vulgaríssimos vermes
na sujidade pública deste café? há quantos anos tu e eu nos amamos sem rosto?
só te conheço com minhas pequenas mãos (e por esse ridículo odor acre
a after-shave de aloé preso ao colarinho das camisas) – não quero
que nada disto mude/nem o café nem esta fétida caixa de
dejectos: nossa cama de docel/nosso palácio – é aqui/só aqui/que o meu corpo anão
cede e só por ti cede – foi neste pardieiro que aprendi a ser uma lâmpada acesa
coisas que nem os livros supõem e que eu senti/aqui/em mim/nesta caixa ao fundo do
corredor do café
foste muitas vezes – quase sempre – alegre dentro de mim neste nosso palácio
não quero que nada mude...mas há quantos anos meu querido whitman – há quantos
anos nós duramos? nós ainda duramos?
– encobertos – como estranhos – como vulgaríssimos vermes
na sujidade pública deste café? há quantos anos tu e eu nos amamos sem rosto?
só te conheço com minhas pequenas mãos (e por esse ridículo odor acre
a after-shave de aloé preso ao colarinho das camisas) – não quero
que nada disto mude/nem o café nem esta fétida caixa de
dejectos: nossa cama de docel/nosso palácio – é aqui/só aqui/que o meu corpo anão
cede e só por ti cede – foi neste pardieiro que aprendi a ser uma lâmpada acesa
coisas que nem os livros supõem e que eu senti/aqui/em mim/nesta caixa ao fundo do
corredor do café
foste muitas vezes – quase sempre – alegre dentro de mim neste nosso palácio
não quero que nada mude...mas há quantos anos meu querido whitman – há quantos
anos nós duramos? nós ainda duramos?